segunda-feira, 31 de maio de 2010

Grete Stern



A artista plástica Alemã Grete Stern (1904-1999) é uma das minhas preferidas! Nasceu em Wuppertal (Alemanha), viveu por alguns anos em Londres e se exilou em Buenos Aires, lugar onde desenvolveu seus melhores trabalhos, publicados na Revista Argentina Idilio Juvenil e Feminina, entre os anos de 1948 e 1951, e onde faleceu, em 1999. Fez parte da escola Bauhaus e foi discípula de Walter Pentehans, coordenador do curso de fotografia da instituição.

Grete possuía uma edição de imagem impressionante para a época - anterior ao advento do computador- , utilizando a técnica de fotomontagem. Em seu trabalho para a revista Idilio, intitulado de "Os sonhos de Grete Stern", a artista plástica fez um panorama dos sonhos de mulheres retratados à revista e interpretados com base nas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud e Carls Gustav Jung. O trabalho é retratado na tradição estética do expressionismo¹, dadaísmo² e surrealismo³.


¹movimento artístico que procura retratar, não a realidade objetiva, mas as emoções e respostas subjetivas que objetos e acontecimentos suscitam no artísta.

²movimento artístico que utilizada a mistificação, o riso, a incongruência e a provocação para negar todas as formas de arte e denunciar o arbritarismo reinante no mundo.

³movimento artístico que se caracteriza pela expressão espontânea e automática do pensamento e, deliberadamente incoerente.

Le souffle au coeur et Festen

Sempre tenho a sensação que escândalos na alta burguesia são mais chocantes e interessantes para a sociedade. Assisti recentemente a dois filmes europeus que abordavam esta temática: Festa em família (Festen) e O sopro do coração (Le souffle au coeur) Os dois filmes representam relações familiares deturpadas e corrompidas por relações incestuosas durante a infância, abafadas e marginalizadas por parte dos familiares, em tradicionais famílias européias.
Estive pensando, por qual motivo um escândalo como este se torna muito mais chocante para a sociedade, do que uma criança desnutrida, morrendo de fome ou um recém-nascido espancado até a morte? Talvez devido a relação entre o "belo" e o "puro", completamente relacionados com a estética aristocrata, divulgada, desejada e vendida durante séculos pelos mais variáveis meios. Também, não se pode descartar o mito criado em torno dos aristocratas, de insuperáveis e intocáveis. Mito este, que quando desmistificado, se torna algo muito forte e importante tanto para os aristocratas como para os não-aristocratas, devido a quebra da hierarquia de classes, demonstrando que, apesar de tudo, das fortunas, da magnificência e da elegância, todos são humanos e todos são iguais. Portanto, a classe não burguesa, marginalizada tanto pela classe aristocrática como pela própria classe não-aristocrática, incorpora esta questão com uma enorme importância, descartando questões muito mais importantes, humanamente falando.
A estética e o status se tornaram muito mais importantes do que as questões de sobrevivência e convívio da humanidade, que em tese, deveriam ter muito mais atenção por parte de todos. Voltando aos filmes, é curioso analisar a posição das famílias da alta burguesia diante dos terríveis fatos ocorridos, é chocante perceber que, o que mais importa para as familias sempre é a manutenção do status na sociedade e a marginizalização do escândalo. O mais assustador é que o filme representa a realidade vivida. Quantos casos como estes representados nos filmes não foram abafados e marginalizados por muitas famílias? E por que são abafados nas mais tradicionais famílias, e escancarados, por meio de jornais sensacionalistas, nas famílias mais pobres? A própria mídia é conivente com a manutenção do "status quo" da alta burguesia, mesmo porque, quem controla a mídia, é a alta burguesia.
Creio que os valores estão completamente invertidos em nossa sociedade, as pessoas estão enlouquecidas, incorporando discursos e visões de mundo que são completamente absurdas e desumanas. Não sou contra a aparência plástica, a beleza, a estética, a aristocracia e a não-aristocracia, não é isso que estou discutindo, mesmo porque, TODOS, de uma forma ou de outra, buscam a estética e o status. O que quero discutir é a falta de sensibilidade humana por parte das pessoas, independentemente da classe social, é o fato de valores, completamente fúteis e primários, dominarem o senso comum da sociedade, tornando irrelevante algo muito relevante, em nome de algo muito abstrato e inútil, não só em relação a problemas como estes mostrados nos filmes e sim, de uma forma geral. É uma atitute extremamente egoísta e covarde, completamente individualista. Aliás, acho que este é o grande problema do mundo, o individualismo! Cada um por si e Deus por todos! Algum dia perceberemos que a coisa não funciona bem assim, mas talvez será tarde demais...