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Acompanhei as últimas notícias sobre a polêmica da Burka, o trem com imigrantes barrados, a deportação dos ciganos na França, a vitória da direita na Finlândia e outros casos por aí. Mas não cheguei a nenhuma conclusão concreta sobre o assunto. Acho uma questão muito complicada o que está acontecendo na Europa. Nitidamente, é um sistema em crise, que começa a ruir, começando pelas suas bases e seus princípios mais básicos e humanistas. Pessoalmente, este quadro me deixa muito chateado. Por mais que os países europeus tenham sido muito canalhas na história, eu confesso que possuo uma simpatia pelo bloco. Já disse aqui que ainda sentiremos saudades da Europa e dos EUA, é só uma questão de tempo! Voltando ao assunto das crises em relação aos imigrantes na Europa; acho uma questão muito complicada de ser debatida, e muito simples e prática se debatida por nós, que não estamos inseridos ali no processo. É claro que as medidas tomadas - principalmente pelo Governo Francês -, e o rumo em que a maioria da população européia está acreditando ser a saída para estes problemas me assustam; vide o crescimento significante da Marine Le Pen, e a vitória expressiva do partido dos “verdadeiros finlandeses” na Finlândia. Se formos analisar, o que está em jogo neste processo todo é a “reafirmação” de quem são os verdadeiros habitantes tradicionais daqueles locais, visivelmente ameaçados por diversas outras culturas em sem próprio território, o que, para muitos, é inadmissível e intolerável. Ao pesquisar algumas notícias sobre a questão da migração muçulmana na França, por exemplo, tentei transplantar algumas situações para minha realidade aqui na Vila Madalena. Bem, me imaginei com dois vizinhos, casais muçulmanos, com as mulheres usando Burka. Imaginei-me entrando no elevador todos os dias e encontrando duas pessoas completamente desconectadas da nossa sociedade e dos nossos costumes, creio que não saberia os nomes, não poderia freqüentar a casa dos dois, e muito menos beber uma cerveja com o casal. Isso já me deixaria muito incomodado. Também imaginei uma enorme mesquita, na esquina da minha casa, para atender os novos moradores; e, como acontece em Marseille [FR], vamos supor que a mesquita seja pequena para tantos muçulmanos, e, na hora do culto, por volta das 17 horas, os muçulmanos que não conseguiram entrar na mesquita, estenderam seus tapetes nas calçadas e ruas para rezar. Eu também ficaria irritadíssimo com isso, como a maioria dos franceses ficaram. Em outra reportagem, uma professora de uma escola pública espanhola descreve como é difícil dar aula para filhos de imigrantes muçulmanos, pois a figura da mulher não é respeitada pela cultura muçulmana, elas são inferiores aos homens, e o aluno não admite ser ensinado por uma mulher. Na mesma reportagem, a professora alega que o problema não é a presença dos muçulmanos na região, mas sim, o conflito de culturas e uma busca de afirmação e imposição da cultura muçulmana na cultura ocidental. Ela também alega que se sente injustiçada e acha desequilibrado os direitos assegurados para todos, pois, ao pisar em um país muçulmano, um ocidental precisa seguir as duras regras religiosas do país, com riscos de apreensões se algumas regras forem burladas. Pois bem, é uma questão complicada, por um lado, a sociedade européia parece não conseguir, ou não admitir incorporar outras culturas, por outro, os costumes fundamentalistas são muito chocantes e invasivos para a comunidade local. Estão totalemnte desconectados. Por outro lado, fico pensando, por qual motivo estas pessoas deixam seus países de origem? Não me parece um movimento natural, todos tendemos em viver no nosso lugar origem. O que move estas pessoas são as melhores oportunidades? E como podemos privar o ser humano de almejar uma melhor qualidade de vida? De fugir de guerras, doenças, pobrezas, para ter uma melhor qualidade de vida? Seria um grande egoísmo, não? Pois bem, mas como dar assistência a esta massa de novos moradores e ainda absorver e suportar as diferentes culturas? Acho que esta é a grande questão. Ninguém quer perder os privilégios, e todos querem privilégios, mas nem todos podem ter privilégios, ou podem? Esta pergunta, não sei responder. É fato que estes imigrantes também giram a economia destes países, eles não estão sugando todos os fundos financeiros destes países “acolhedores” - como defendem alguns políticos mais conservadores-, eles injetam dinheiro na economia também. Para mim, esta parece mais uma crise para assegurar os direitos como cidadão nato do país, do que uma intolerância com as demais culturas. Porém, diferentemente do Brasil, onde as demais culturas geralmente são incorporadas aos nossos costumes, na Europa, sentimos um maior abismo entre as culturas, o que favorece e facilita a disseminação de atitudes discriminatórias, xenófobas, racistas,etc. A meu ver, a história mundial está iniciando uma nova parte. Acho curiosa esta situação em que a Europa se encontra atualmente, é como se o feitiço virasse contra o feiticeiro! Vale lembrar que a maioria desses muçulmanos, imigrantes africanos, etc; são oriundos de antigas colônias européias. Colônias estas que foram submetidas por décadas à invasão da cultura e das vontades políticas européias; colônias, que tiveram costumes e tradições dizimados pela “vanguardista cultura européia”. Falo que o mundo está mudado, pois a tal cultura vanguardista européia, não me parece tão vanguardista assim, ela regride e se fecha, assim como a Liberdade, igualdade e fraternidade, que, agora, já não é mais para todos.
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